sábado, 3 de outubro de 2009

A JANELA


Quando olho para o passado, vejo tudo como de uma janela... As lembranças vão passando uma a uma assim como num filme em preto e branco, e vão surgindo de repente às saudades, as alegrias e as dores. Coloco então os cotovelos na janela e começo a observar tudo que vai passando: as reuniões de família, os natais, os sonhos e os velórios, se levantam como fumaça à sombra que o sol de outrora dez em meu caminho. As curvas que o tempo me obrigou a fazer e os amores que tive que deixar cada vez que a noite chegava.
A janela sou eu, as lembranças sou eu e às vezes abro a janela e deixo as lembranças saírem e é como se me envolvessem num abraço. É quando fecho os olhos posso me ver, posso sonhar outra vez e me entrego aos cenários do tempo que se montam à soleira da janela, e a vontade que da é de ir morar naqueles dias em que eu era feliz, mas tudo se desmonta rapidamente e não dá tempo de chegar, pois quando estendo as mãos os olhos se abrem e o que consigo sentir é o gosto suave da poeira do caminho.
Fecho a janela e volto e quando olho para frente vejo o grande caminho a ser construído, e me entrego ao caminho e me perco entre as lembranças que entram pelas frestas da janela.

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