quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Terminal

Um ano depois, prestes a acabar o grafite da lapiseira, estou no terminal rodoviário, talvez esse seja de fato um terminal (de termino), de recomeço. Ouço as pessoas se despedindo no ônibus que para no mesmo Box que o meu, um horário antes, o destino: Palmas - TO, partindo de Santa Maria - RS, num breve momento de oração, me lembrei das vítimas da Boate Kiss e me conformei um pouco, afinal existem dores maiores que as minhas. 
 
O cobrador chama os passageiros restantes, faltavam Maria Auridete e Aline Cristina... Não chegaram sabe Deus porque, enfim... A espera me permite observar o trânsito das pessoas, esse vai e vem constante rumo aos finais que cada um tem que administrar. 

A minha sorte é que as crianças foram todas para Palmas, restam poucas pessoas esperando, cada uma com seu telefone e eu escrevendo em minha agenda 2014, resto de umas lembranças... Não estou sofrendo, nem lamentando, apenas caminhando, fazendo observações inconsistentes dessa fuga, literalmente “para outro lugar baby”, uma partida sem trilha sonora, só as vozes soando e falando de cotidianos estranhos, rostos que certamente não tornarei a ver.

Eu? Sozinho como de costume, não reluto mais com as ausências, apenas aceito a essência do ser, puro quando se está só. Não sei o que me espera, mas sei que não nos esperamos mais.

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Encontro, acaso e destino

O destino trabalha de forma particular, tentar compreender suas obras é uma tarefa tão besta e inútil que chego a pensar que viver sem expectativas ou muitos planos é a melhor maneira de seguir. Eu que sempre leio os textos de Martha Madeiros e me sinto representado por eles de uma forma tão verdadeira, as vezes me pego vivendo essas cenas doloridas, carregadas e recalcadas. Somos seres totalmente recalcados.
Não sei se estou preparado para viver mais de um drama por vez, mas vivenciar estes temas amorosos quando se tem algo tão maior que lhe inquieta a vida é quase reconfortante, seria insuportável passar pelo trauma de mexerem nas entranhas de nossa honra sem uma válvula de escape, pensando assim os temas românticos são toleráveis.
Enfim, nos encontramos na livraria, ele sempre dizia que seu sonho era encontrar o amor de sua vida em uma livraria, eu noveleiro me vi imediatamente no café do Tony Ramos em uma das novelas de Manoel Carlos, algo muito Leblon para se passar em Goiânia, eu havia acabado de tomar o meu café de sempre, amo os cafés dos shoppings e acho muito chique sair de minha pequena cidade para estes programas capitalescos. O encontro foi bem por acaso, eu procurando a sessão dos notebooks e ele sabe-se Deus o que procurava. Sei que o abraço foi inevitável, um longo abraço desses que se afrouxam e apertam a medida do tempo, desses que se pode dizer uma vida toda ao pé do ouvido, num tom que remeta saudade e se segura o choro, sente-se o cheiro desde o perfume até o cheiro das lembranças.
Por fim, solta-se o abraço, interminável... não fazia sentido ficarmos ali, ou seguirmos juntos, pois de fato a vida tomou outros rumos.
“Vem passar o fim de semana, estou morando só agora, fazemos pipoca, vemos TV, saímos, mas vem...
A gente combina, a gente combina...
Tentei te ligar algumas vezes, mas não deu nada.
Anota meu número novo.
Sim te mando uma mensagem pelo WhatsApp.
Tudo bem, eu espero. ”
Não posso reclamar da vida, tenho tanta poesia para viver e tenho vivido cada momento com intensidade, são esses encontros que me fazem seguir. Talvez no auge de sua liberdade ele não ligue nem deixe mensagem nenhuma, mas o que valeu mesmo foi aquela cena, onde não parecia ter ninguém ao redor e eu pude dizer que senti saudade, que eu senti uma falta dolorida e sem medida, que eu tinha saudades do tom da voz, do cheiro e abraçar um pouco mais forte ao me despedir e como um soldado batendo continência dizer “até”...
De tudo o que sinto é que terminei de ler um livro e o fechei, era preciso dizer sem medo essas cosias, era preciso fechar o livro.

Suspiros muito profundos numa segunda de manhã.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

O dia começou

O dia começou, café sobre a mesa, olhos em regime semi aberto, é quase como um período de detenção: estar livre e preso. Há momentos de fuga, fujo e me encontro com o inevitável, encontro comigo seja a hora que for, de certo modo me desnudo em frente a este espelho, mudo, sem pudores, livre como eu não sou, ele vê a mim e a todos e denuncia duramente sem dizer uma palavra. Estamos tão perto, quase posso tocá-lo e se encerra ao dizer que na verdade é apenas sonho, tantos rostos me fazem companhia, tantas caras impressas que não estão comigo.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Não e Sim

Que eu aprenda a dizer NÃO em situações necessárias, sem medo de me descomprometer e nem tampouco tornar-me refém das reações de negar algo. 
Que eu aprenda que dizer não, não é um ato de rebeldia, nem de maldade, e sim que é apenas mais uma forma de exercer o direito de concordar (ou não) com as situações. 
Que a cada dia eu me conscientize da dádiva de poder aceitar e negar, e que nenhuma delas cause-me constrangimento e mesmo que surjam indisposições entre as partes, que haja sabedoria para olhar nos olhos e compreender. Que eu seja dono do meu sim e do meu não e que ambas as decisões libertem, sobretudo o meu coração.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Poetas

Poetas escrevem sobre si o que sentem que foi, o que é, e o que deveria ter sido... Não necessariamente nessa ordem.

Entregar-se

Decidir entregar nosso coração para alguém é uma atitude desafiadora, isso porque o coração representa tudo que temos em nossa vida, com ele vão o tempo, os sentimentos, os anseios, enfim... Um coração entregue é a nossa vida depositada no outro. Não recomendo reservas, mas recomendo prudencia, talvez o medo faça com que percamos oportunidades de viver certas experiências, porém eu prefiro me sentir seguro que me sentir lesado.

Experiência

      Quando eu usava a minha câmera no automático, a minha emoção era igual ao fotografar, eu não sabia fazer de outra forma. Sempre vi as críticas sobre os fotógrafos quem usava o "automático", ficava um pouco dolorido porque eu estava no bolo. Hoje eu já consigo me virar mais usando o "manual" e a emoção continua a mesma, pois além da técnica, sempre fui apaixonado pela magia que envolve o ato de fotografar, que hoje para mim exige um pouco mais de atenção e métodos. Tenho um extremo respeito por todas as pessoas que se dão à fotografia, os automáticos, os manuais, enfim.

       Assim como todo meio, existe uma rivalidade expressa, uma acidez que muitas vezes nos inibem, eu sou meu pior crítico, e diante de muitas situações eu pensei em não mais compartilhar os resultados da minha saga diária por fotos que revelem a minha emoção, já me senti punido por críticas cortantes quando só quis registrar uma ideia, um momento e não me detive às regras da fotografia.


      O que salva sãos pessoas generosas que, sabem compartilhar sem medo de "perder mercado", como tantas vezes aconteceu de receber in box motivadores sobre, tutoriais exclusivos e críticas bem postas, sem a intenção de mostrar-se melhor que, ou maior que... Eu me emociono quando olho para minha câmera fotográfica, ela tem alma, ela tem a minha essência, e tudo que ela revela é tudo aquilo que está em mim, já pensei que tudo seria melhor se eu pudesse ter uma mais moderna, lentes e mais lentes, mas enquanto formos eu e ela, seremos nós... É muita poesia para justificar a minha fotografia, mas é assim que eu sinto e por isso faço assim!