segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Por do sol e poesia.


Deixa uma réstia de luz para trás clareando meu sono, meu sonho de ti. Desmancha meu sorriso nos teus últimos raios e esfria meu corpo na hora prima da despedida e espero sua volta.
A sombra que vai cobrindo de palidez meu olhar sem horizonte desdobra a cada segundo da sua partida. Vai cortando as estradas, despedindo do meu mundo enquanto clareia novos rumos além do poente, meu sopro de vida, meu resto de brisa, meu barco sozinho quebrando as ondas e voltando ao porto.
Desfalece de agonia a silenciosa hora de te ver me deixando de olhos rasos na solene partida do astro. Como tantos momentos na imensidão do dia teus traços a rasgar as brancas nuvens, a raiar e cruzar o céu rumo ao poente sem deixar pistas e somente transpor meu dia, minha vida, meu amor.
Vai se despindo para noite o sol a se por e eu a olhar e não me canso de te ver partir todos os dias e mesmo que do mesmo lugar é diferente a partida, pois no coração há algo diferente sempre e sempre me faz mover os olhos na direção do céu, rubro céu de despedida, de partida, de angustia pela vontade de acompanhar por onde forem tuas luzes.
Triste noite de espera de sonhos contigo a afagar com singeleza meu coração pequeno. Espero todos os dias estes momentos derradeiros do sol que se chama por – do – sol, a entrega sem mágoa do rei do dia à noite, do esplendor da luz do mundo a derramar-se na imensidão do escurecer e com ele levar-me também, arrancar meu suspiro, minha mágoa, minha prece.
Este encontro quase fúnebre que enche de profunda magia o peito aberto pela distância, pelo silêncio, pelas cores que irradiam de ti meu sol, meu por – do – sol, hora derradeira do resto do meu dia, esperança de sonho do resto da minha vida.Encontro-te novamente na manhã quando ainda velas meu descanso e espera abrir os olhos esperando para lhe dizer meu diário adeus e entoar a ti meu canto, meu conto, meu poema, meus versos e de longe num breve aceno me entregar à despedida do sol, o meu por – do – sol.

Um comentário:

Profº Mário Pires disse...

Belo texto... faz juz às sensações trazidas pelo entardecer.. Belo poema, pelo poeta! rss