segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Encontro, acaso e destino

O destino trabalha de forma particular, tentar compreender suas obras é uma tarefa tão besta e inútil que chego a pensar que viver sem expectativas ou muitos planos é a melhor maneira de seguir. Eu que sempre leio os textos de Martha Madeiros e me sinto representado por eles de uma forma tão verdadeira, as vezes me pego vivendo essas cenas doloridas, carregadas e recalcadas. Somos seres totalmente recalcados.
Não sei se estou preparado para viver mais de um drama por vez, mas vivenciar estes temas amorosos quando se tem algo tão maior que lhe inquieta a vida é quase reconfortante, seria insuportável passar pelo trauma de mexerem nas entranhas de nossa honra sem uma válvula de escape, pensando assim os temas românticos são toleráveis.
Enfim, nos encontramos na livraria, ele sempre dizia que seu sonho era encontrar o amor de sua vida em uma livraria, eu noveleiro me vi imediatamente no café do Tony Ramos em uma das novelas de Manoel Carlos, algo muito Leblon para se passar em Goiânia, eu havia acabado de tomar o meu café de sempre, amo os cafés dos shoppings e acho muito chique sair de minha pequena cidade para estes programas capitalescos. O encontro foi bem por acaso, eu procurando a sessão dos notebooks e ele sabe-se Deus o que procurava. Sei que o abraço foi inevitável, um longo abraço desses que se afrouxam e apertam a medida do tempo, desses que se pode dizer uma vida toda ao pé do ouvido, num tom que remeta saudade e se segura o choro, sente-se o cheiro desde o perfume até o cheiro das lembranças.
Por fim, solta-se o abraço, interminável... não fazia sentido ficarmos ali, ou seguirmos juntos, pois de fato a vida tomou outros rumos.
“Vem passar o fim de semana, estou morando só agora, fazemos pipoca, vemos TV, saímos, mas vem...
A gente combina, a gente combina...
Tentei te ligar algumas vezes, mas não deu nada.
Anota meu número novo.
Sim te mando uma mensagem pelo WhatsApp.
Tudo bem, eu espero. ”
Não posso reclamar da vida, tenho tanta poesia para viver e tenho vivido cada momento com intensidade, são esses encontros que me fazem seguir. Talvez no auge de sua liberdade ele não ligue nem deixe mensagem nenhuma, mas o que valeu mesmo foi aquela cena, onde não parecia ter ninguém ao redor e eu pude dizer que senti saudade, que eu senti uma falta dolorida e sem medida, que eu tinha saudades do tom da voz, do cheiro e abraçar um pouco mais forte ao me despedir e como um soldado batendo continência dizer “até”...
De tudo o que sinto é que terminei de ler um livro e o fechei, era preciso dizer sem medo essas cosias, era preciso fechar o livro.

Suspiros muito profundos numa segunda de manhã.

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