quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Terminal

Um ano depois, prestes a acabar o grafite da lapiseira, estou no terminal rodoviário, talvez esse seja de fato um terminal (de termino), de recomeço. Ouço as pessoas se despedindo no ônibus que para no mesmo Box que o meu, um horário antes, o destino: Palmas - TO, partindo de Santa Maria - RS, num breve momento de oração, me lembrei das vítimas da Boate Kiss e me conformei um pouco, afinal existem dores maiores que as minhas. 
 
O cobrador chama os passageiros restantes, faltavam Maria Auridete e Aline Cristina... Não chegaram sabe Deus porque, enfim... A espera me permite observar o trânsito das pessoas, esse vai e vem constante rumo aos finais que cada um tem que administrar. 

A minha sorte é que as crianças foram todas para Palmas, restam poucas pessoas esperando, cada uma com seu telefone e eu escrevendo em minha agenda 2014, resto de umas lembranças... Não estou sofrendo, nem lamentando, apenas caminhando, fazendo observações inconsistentes dessa fuga, literalmente “para outro lugar baby”, uma partida sem trilha sonora, só as vozes soando e falando de cotidianos estranhos, rostos que certamente não tornarei a ver.

Eu? Sozinho como de costume, não reluto mais com as ausências, apenas aceito a essência do ser, puro quando se está só. Não sei o que me espera, mas sei que não nos esperamos mais.

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