terça-feira, 16 de setembro de 2008

Mas poprque não responder às perguntas elementares da vida?



As respostas estão escondidas em meio a tantas outras perguntas, as que não são elementares, pois, nos preocupamos demasiadamente com tudo aquilo que não há de dar sentido a existência. Tudo está oculto no mais intimo das coisas e a verdade é que realmente não queremos vê-las, queremos sim continuar ludibriados pelo ter e deixamos para trás a magnitude do ser. Se somos não temos, ou buscamos ter primeiro para depois de tudo procurar a ser. E quando não nos perdemos no meio do caminho deixamos nossas verdades iniciais para sermos catequizados pelo mundo. O que podemos dizer de nós é que somos seres globalizados demais para observar o valor das pequenas coisas e fazer de nossa breve passagem pelo mundo uma linda história fundamentada na pequenez da vida cotidiana. O sol se põe, flores exalam seu perfume e o vento transpassa nosso rosto marcado pela dura labuta diária e se falta luz elétrica já não somos mais ninguém... Como se fossemos movidos por impulsos elétricos. É verdade, nosso coração ainda bate forte e nem assim sentimos a magia de sermos humanos e nem mesmo a beleza de poder escolher, pois já estamos tão endurecidos quanto as rochas mais sedimentadas pela longevidade da ação do tempo e olha que somos de um século que terminou a pouco. O que mais marcou sua vida, qual a lembrança que está acesa à chama da memória? Sem dúvida nossas memórias nos movem quando deixamos as portas abertas para que elas movimentem e interajam com o presente... Sim, somos e vamos continuar sendo apesar da velocidade do tempo presente e o imediatismo do ser pensante, muito sensíveis a ação do tempo e basta abrir nosso baú de recordações que vamos perceber que somos mais uma reação de fatos, e só temos valor desde quando damos valor às etapas que há no caminho. Nascer, crescer, desenvolver, estamos em trânsito expostos a todas as mudanças inerentes a evolução do ser e não queremos as marcas de expressão, os sinais da idade e criamos remédios para amenizar todos os sintomas da velhice. Não queremos ser velhos, não queremos ser cafonas, não queremos ser... Mas somos e seremos, pois há tantas coisas que são inevitáveis: envelhecer, sair de moda, tudo passa e assim passaremos e nos transformaremos em memória, lembrança, poeiras da vida. Agora sim, seremos poeira da vida a sujar os móveis do futuro e a repousar sobre a estrada de muitos que virão. A geração que desponta no alvorecer dos novos dias talvez não brinque de roda, não colha frutas no pomar nem sinta cheiro de mato molhado pela chuva verão, pois, nem nós mesmos damos importância a tudo isso. A evolução natural dos seres, a seleção das espécies há de fazer da vida bem mais monótona que a nossa e isso é inevitável, e beleza do ser estará perdida em meio à efemeridade do ter. Já nos acostumamos a ser representados por símbolos, obedecer a normas, representar papais, seguindo o padrão do dia a dia onde somos enquadrados aos moldes da sociedade e padronizados de acordo com o grupo a tribo, o ambiente que freqüentamos. Os uniformes, as regras, os codinomes, tudo é criado para “facilitar” a comunicação o relacionamento entre a espécie. Será possível que perdemos nossas referências, nossas raízes... Onde foi plantada nossa semente original? Onde vamos buscar o centro de nós? A quem iremos? Iremos sempre em frente rumo ao desconhecido desbravando a selva de pedras que criamos ao redor de nossa frágil humanidade, celebrando a vitória das máquinas, a perda do controle sobre nossa própria evolução. Somos agora não mais criadores, somos criaturas de nossas criações. Usamos tantos acessórios: carros, aviões, computadores, celulares, tudo para facilitar, acelerar, ritmar os tempos modernos. Quem diria que tudo se tornaria banal a ponto de não mais agirmos de acordo com a emoção, agora somos as máquinas e nosso coração não bate e sim funciona. Regredir... Essa é a palavra, voltar lá atrás onde tudo se perdeu. Certo de que cada um se perdeu em um lugar no espaço e em ponto no tempo diferente, mas que coincidentemente nos encontraremos no decorrer do caminho, pois estamos intimamente ligados uns aos outros. Meu processo particular de encontro se daria talvez quando chorei por ter que ir embora da fazenda e que a partir de então toda transformação foi ligeira... Sim me perdi, às vezes tento voltar, o mais difícil é que quase já não atendo aos estímulos de antigamente, o que inda resta são as mesmas poeiras que somos... Aquelas poeiras da vida. Seja o que for o segredo é saber voltar mesmo que por alguns instantes e dar uma mexida, relembrar os velhos sonhos trocar a ordem dos objetos da prateleira das nossas prioridades e acreditar nesses sonhos. A criança que está escondida dentro de nós pode despertar e fazer da vida uma brincadeira divertida, se sujar de alegria correr nas poças da água da chuva de esperança, sentar a beira do riacho da sabedoria e jogar correnteza abaixo o sentimento de derrota, de tristeza de baixo astral. Isso! Vamos lá, vamos fazer um piquenique , brincar de ser gente grande esquecer que já crescemos, vamos soltar pipa, rolar na grama, ver as pedras deslizar por sobre a superfície da lagoa... Demos asas a imaginação de poder ser super-heróis, protagonistas da vida, fruto de uma aventura a ser buscada a cada dia. A felicidade está na ponta do galho mais alto da árvore e o que temos a fazer é subir sem medo da queda e se acaso cairmos notarmos a beleza de olhar novamente para o objetivo e tentar... A felicidade verdadeira não está nas prateleiras e por mais que as riquezas materiais possam nos proporcionar momentos de prazer ser feliz é plantar, cultivar, regar e com muito esmero cuidar e talvez nem colhamos. Lançar as sementes para que alguém, em algum lugar possa desfrutar dos nossos esforços. Essa é recompensa... A felicidade e todas as respostas estão ocultas no outro, no servir, no partilhar, no brilho dos olhos do sorriso sincero de um amigo ou de um desconhecido e a alquimia de vida é sem dúvida este processo onde nos encontramos frente ao primeiro passo a cada dia... Caminhemos.

Um comentário:

Marçal Dorneles disse...

Foto nº 1 deste texto By Vanessa Rosendo.